sábado, 8 de dezembro de 2012

ENTREVISTA - CLAUDIO BOTELHO

by Sidney Rodrigues

Meu presente para os amigos do Blog "Posso Contar Contigo?" para esse final de ano é uma entrevista bem informal com um dos Reis dos musicais brasileiros, CLAUDIO BOTELHO.

Procurei traçar um roteiro com perguntas que todos devem ter curiosidades, para conhecer mais o lado pessoal desse cara incrível e não apenas o lado profissional, e como sempre acontece, ele foi super atencioso e disponível para o bate papo, prova de que os grandes talentos, não são inatingíveis.

Com vocês Cláudio Botelho:


Quais programas na TV aberta brasileira atraem sua atenção?
Na TV aberta, gosto de Zorra Total, que vejo  com prazer quando estou em casa na hora.

Que perfil tem o ator ou atriz que chama a sua atenção num trabalho? Já escolheu alguém apenas por um trabalho que viu e apostou nesse profissional movido pela sua intuição?
Já chamei pessoas por um único trabalho que assisti e gostei, e outros após vários testes. Cada caso é um caso. No início o que me interessa realmente é o personagem. Trato o teatro musical como ópera e os personagens têm registros, tanto vocais quanto físicos. Os atores se encaixam ou não nestes registros. Sabendo-se o registro do que se precisa, é uma questão de procurar o melhor intérprete dentro daquilo, ou o melhor disponível no momento.

Que tipo de livro chama sua atenção na hora de escolher a sua leitura? Já lê bastante em meios digitais ou ainda é adepto do bom e velho, folhear de páginas?
Leio o tempo inteiro, e mais de um livro ao mesmo tempo. Geralmente a ficção que me interessa envolve crime, detetives, ou no mínimo, com conspirações. Acabo de ler 'O Sequestro de Rembrandt', que me deixou completamente fascinado. Estou lendo (atrasado) a 'Trilogia Millenium'. E fora da ficção, estou lendo o livro de letras de Stephen Sondheim, onde ele comenta cada letra que escreveu em toda sua carreira nos musicais.

Você leva as pessoas para viagens incríveis com seus trabalhos. Qual a maior viagem que já fez e o que mais gostou nela?
Sinceramente, detesto viajar. Gosto mesmo da minha casa, que é uma bagunça, aliás. Viajo algumas veze por ano pra fora, mas sempre para Nova York, Londres, ou no máximo, algum país onde haja teatro. Não tenho nenhum interesse por lugares exóticos, paisagens incríveis, ecologia, montanhas pra subir e menos ainda inverno pra esquiar. Se alguém me convidar pra ir conhecer as pirâmides, eu prefiro só ver as fotos. De preferência, poucas.
Já no Brasil, gosto quando visito a casa de um amigo ou outro, aqui perto do Rio, que a gente vai e volta no mesmo dia, e de preferência, sem mar, pois cidade de praia (tipo Búzios) é tudo muito nojento, todo mundo anda de chinelo e tem areia em todo lugar, e os restaurantes têm o péssimo hábito de vestir os garçons com trajes do tipo sarongue ou umas túnicas, é tudo fake. Tenho horror.


Você consegue tempo para ver os amigos em cena?
Sou um péssimo colega, raramente vou ao teatro. Isso é um defeito meu, preciso corrigir. Não vejo nada, pois como já trabalho com isso, acho um saco sair à noite pra ir ao teatro. E pior: ter de falar depois da peça com elencos, é a coisa mais chata que existe. Geralmente compro os ingressos, não peço convite, pois aí posso ir embora quando fecha o pano e depois ligo pro amigo em questão. Mas sei que isso não é legal, as pessoas ficam sentidas, e têm razão. Preciso mudar esse meu jeito.

Reflexivo ou impulsivo. Como é seu processo de criação? Sente-se à vontade para criar no improviso ou as coisas precisam estar bem claras na sua cabeça antes de começar o processo?
É um misto de tudo. Depende muito de cada trabalho. Fiz as letras de 'Como Vencer na Vida Sem Fazer Força', com uma enorme facilidade, pois eu conheço a peça há anos, sei tudo de cor, então isso facilita. Mas, há peças que aceito escrever letras por um viés mais profissional, como por exemplo 'Shreck', que dão um enorme trabalho, pois não é meu estilo de música, tem muito rock & roll, daí  precisa de muito mais suor. Mas sempre me divirto. A única realmente que me deu quase nenhum prazer de traduzir foi 'EVITA', pois é um material que quase não tem humor, o assunto é muito chato e as letras originais são muito voltadas para uma verdade política com a qual não concordo, de modo que foi extenuante.

Qual espetáculo você montou que mais lhe fez parar, pensar e dizer: "Caracas, saiu exatamente como eu queria!"?
Vários: 'Um Violinista no Telhado' é o exemplo máximo. Mas eu destacaria ainda '7 – O Musical', 'Ópera do Malandro', 'Milton Nascimento – Nada Será Como Antes', 'A Noviça Rebelde', 'O Mágico de Oz', e muitos outros.


Como é sua relação com as pessoas que lhe acessam via Facebook? Já fez amigos pela rede que tenham causado interesse profissional e acabaram trabalhando juntos?
Adoro o Facebook. É a única rede social que me interessou pois acho divertido escrever, mesmo que ninguém leia. Às vezes tem uns chatos que levam a sério o que escrevo, e quase nunca escrevo a sério ali, apenas faço piadas. Fiz diversos amigos virtuais, os quais nunca encontrei, e que na verdade, nem preciso encontrar, já está ótimo ser amigo virtual mesmo.
Não me lembro de ninguém que me tenha despertado interesse profissional, pois meu ‘mood’ no FB é sempre de piada mesmo, mas sempre que me pedem pra ver algo, eu mando pra nosso pessoal de elenco, eles catalogam e chamam pra testes.

Como você se vê? 
Me vejo como um artista de muita sorte, que conseguiu tornar popular uma espécie de teatro que, quando eu e Charles Moeller começamos a nos dedicar, não era nem bem visto pela classe teatral.
Nunca mudamos de segmento, sempre fizemos musicais. Estamos nisso há 20 anos, e nem mesmo tentamos algo diferente. 

Quais as facilidades e as durezas que o sucesso atual lhe traz? 
Não há nada de duro no sucesso, é só alegria. Mas é uma ilusão achar que o sucesso é um patamar conquistado. Você está lá em cima, e no dia seguinte, se você não matar mais um leão, ninguém nem lembra que você existe. A única coisa que importa é estar trabalhando. Tenho 3 prêmios Shell na estante, 4 prêmios Contigo, e mais sei lá quantos outros prêmios... Se amanhã eu não tiver uma peça pra ensaiar, estarei em depressão.

Qual trabalho não fez que ainda gostaria de fazer?
O musical que ainda não fiz e farei é 'Black Orpheus', baseado no Orfeu Negro de Vinícius de Moraes, que dirigiremos na Broadway, em 2014.

Há algum vídeo na internet que tenha feito você rir muito? Pode nos indicar?
Todos do Paulo Gustavo (ator que faz o programa '220volts' no MULTISHOW)


Se pudesse escolher uma música que representasse você, qual seria?
'Some People', do musical 'Gypsy'.


Obrigado ao Cláudio Botelho pela gentileza!

Saiba mais sobre o entrevistado em 

2 comentários:

  1. Adorei a entrevista com o Claudio Botelho, além de talentoso, ele se mostrou uma pessoa simples e sem a soberba que ronda muita gente famosa. Palmas pra ele, merecedor de todos os sucessos e elogios.

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  2. Adoro ler qualquer coisa a respeito dele, além de talentoso é muito inteligente e sabe muito bem expressar a sua opinião.

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