quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"Pin - Up" - Novela de Alex Spinola (4º Capítulo)




CAPÍTULO O4


CENA 01. INT. PENSÃO/ QUARTO DE PÉROLA. TARDE

PÉROLA desperta com o TILINTAR macabro das peças do serviço de chá sobre a bandeja. MERCEDES sorri para a filha.
PÉROLA: (assustada) Mãe?
MERCEDES: (tom conciliador) Trouxe um chá pra você, filha. É calmante, vai te fazer bem.
PÉROLA: (ajeitando-se na cama) Estou enjoada também.
MERCEDES: Enjôo, nervosismo, esse chá é bom pra tudo.
MERCEDES serve uma generosa xícara. Infusão ainda fumegante, quase borbulhando.
MERCEDES: Beba, filha.
PÉROLA: (provando) Nossa, é horrível. Muito quente.
MERCEDES: Remédio bom é remédio amargo. Beba tudo.
PÉROLA beberica um pouco do chá e esboça devolver a xícara para a bandeja. MERCEDES a impede.
MERCEDES: Não. Beba tudo, antes que esfrie. Depois sirvo mais.
PÉROLA, mesmo com ar de repulsa, obedece.
MERCEDES: Olha, filha, a mãe estava desesperada. Você naquele cabaré, ainda grávida do Rocco, a briga com aquela coisa. Foi demais pra mim.
PÉROLA: Eu só estou tentando acertar, mãe.
MERCEDES: Eu te disse coisas horríveis, você também me disse coisas horríveis. Você encontrou seu caminho, mesmo que tortuoso. Eu só não quero que você viva a mesma vida que eu vivi.
PÉROLA: Eu sei, mãe. Eu não estou vivendo. E a Lúcia está me ajudando num caminho que a senhora escolheu pra mim.
MERCEDES: Eu sei, eu errei tentando acertar. Mas se você não quiser mais nada disso, eu não vou me importar, filha.
PÉROLA: (estranhando o discurso da mãe) É você mesmo que tá dizendo isso dona Mercedes?
MERCEDES: Se você não estiver feliz, não adianta continuar. E agora com o bebê, será praticamente impossível.
PÉROLA: Eu estou confusa, não sei o vai ser de mim. A Lúcia me apoiou tanto até agora, me fez ver um mundo novo, sei lá!
PÉROLA termina com o chá. MERCEDES lhe serve mais.
MERCEDES: (jogando com as palavras) É isso o que eu não entendo: Por que tanto empenho daquela moça em te ajudar, ainda mais levando a vida que ela leva?
PÉROLA: A Lúcia só está ajudando um amigo, o Ernesto. Ele é assessor do doutor Armando pra esses assuntos de lançar novas garotas na TV.
MERCEDES: É, faz sentido.
MERCEDES : (servindo mais chá e recolhendo a bandeja) Vá bebericando mais um pouco.
PÉROLA: Espero que a senhora se desculpe com a dona Adélia. E com a Lúcia, ou seja lá quem  ela for.
MERCEDES: Será mais fácil conversar com a dona Adélia, mas farei um esforço com (procurando as palavras) aquela moça.
PÉROLA: (desconfiada) E a senhora caiu em si desse jeito, de uma hora pra outra?
MERCEDES: (saindo do quarto) É assim que se acorda de um sonho ou de um pesadelo, não é? No susto, de supetão. Termine seu chá. Eu preciso conversar com a dona Adélia.

CENA 02. INT. APARTAMENTO/ SALA. TARDE

GABRIEL sentado no chão, recostado na parede. LÚCIA usando as coxas dele como apoio para a cabeça. Ele fecha os olhos, parece digerir o que ela acabou de lhe contar.
INSERÇÃO de imagens rápidas: NOITE de tempestade. CARRO em movimento. ARMANDO ao volante. OLGA no banco do carona. Mal conseguimos VÊ-LOS.  OLGA olha para o banco de passageiro.
OLGA: (aflita) E agora, doutor Armando?!
GABRIEL abre olhos. Aturdido, sem compreender o que se passou em sua mente.
GABRIEL: Por Dios, eu não consigo entender!
LÚCIA: Nem tente, meu cubano. Nem tente!
TOCA a campainha. GABRIEL veste as calças e vai atender. É ERNESTO.
ERNESTO: (vendo Lúcia se recompor, percebendo Gabriel sem camisa) Atrapalho em alguma coisa?
GABRIEL: (riso malicioso) Não.
ERNESTO: Lúcia, eu te procurei lá no Antro. Ninguém soube me dar notícias suas ou da pequena. Vim pra cá, na incerteza.
LÚCIA: Sigilo é o código de honra da boêmia, Ernesto! Ninguém nunca sabe do paradeiro de ninguém.
ERNESTO: (seco) Eu sei disso, Lúcia.Mas acho que agora não podemos ficar brincando de esconde-esconde, não é?
LÚCIA: Quais as novas?
ERNESTO: O Armando quer um jantar com a pequena.
LÚCIA: Bingo!
ERNESTO: Exatamente.
LÚCIA: Quando?
ERNESTO: No sábado, lá no palacete.(olhando para Gabriel) Será que podemos tratar desse assunto, em particular?
GABRIEL sai.
LÚCIA: Sossega leão! O Gabriel tá conosco.
ERNESTO: (enciumado) Conosco ou com você?
LÚCIA: As duas coisas. O recado será dado à Perola.
ERNESTO fica mudo. LÚCIA o encara. Contrariado, ele se despede. LÚCIA o acompanha até a porta. GABRIEL retorna.
GABRIEL: O sujeito ficou mordido.
LÚCIA: Eu poderia acabar com esse ciúme idiota, agora mesmo. Mostrando minhas verdades pra ele, mas não é o momento.
GABRIEL: E por falar em verdades, Mi Carino, você também não disse nada sobre Pérola, sobre o bebê.
LÚCIA: E nem vou dizer. E Pérola também vai ficar calada. Ela é miudinha, cheia de curvas, ainda não se percebe nada. O desgraçado do Armando está com meio corpo dentro da arapuca, não se pode assustar a presa, pelo menos por enquanto.
GABRIEL: (abraçando-a) Mira! Se eu não fosse um homem de cojones, você me botaria medo.
LÚCIA: (riso malicioso) Cojones também não me faltam, Mi Carino!

CENA 03. INT. PENSÃO/ COZINHA. TARDE

MERCEDES seca e guarda o serviço de chá. ADÉLIA e FELIPE acabam de chegar. O garoto carrega algumas sacolas.
ADÉLIA: Tudo pela hora da morte. Carestia miserável.
MERCEDES: Dona Adélia, eu quero trocar umas palavras com a senhora, em particular.
FELIPE não entende a sutileza de Mercedes, e continua a esvaziar as sacolas.
ADÉLIA:  (entregando uns trocados ao garoto) Felipe, meu anjinho, vá ali na padaria do português e me compre umas três bengalas.
FELIPE: Oxente, dona Adélia, e padaria é lugar de se comprar bengala, é?
Diante a ignorância do garoto, MERCEDES revira os olhos. ADÉLIA acha a maior graça.
ADÉLIA: (rindo muito) Bengala é um pão bem grande! Vai lá, chispa, meu anjinho
FELIPE sai.
ADÉLIA: Agora somo só nos duas, dona Mercedes Sodré.
MERCEDES começa a se desculpar. ADÉLIA já antecipa o rumo da conversa.
ADÉLIA: Eu não levei em conta as barbaridades que você me disse, porque o momento era de desespero, a uvinha de barriga, você sem dinheiro, enfim, o espanto com a situação da Lúcia.
MERCEDES: Uma aberração, dona Adélia!
ADÉLIA: (cortando) Pra mim, Mercedes, aberração é a maldade, a ganância, a falta de sentimentos. De resto, nada me espanta nada me choca. Eu já vi muita coisa nessa vida. Dama da noite, mulher da vida, já passaram algumas por aqui, mas nenhuma delas tinha a classe, a distinção da Lúcia. E é isso o que ela é pra mim, uma mulher de classe!
MERCEDES se cala.
ADÉLIA: (mudando de assunto) Mercedes, você pensou naquela proposta que eu te fiz?
MERCEDES: Proposta?
ADÉLIA: Eu sei que o mar não está pra peixe. Você tá sem dinheiro, pouco costura, a pequena tá de neném. Você me ajuda com a lida da pensão em troca do aluguel e você vai guardando o dinheiro dos pedidos que aparecerem. Eu gosto muito da Pérola, a minha uvinha, eu não vou deixar que falte nada pra ela. Pra tudo se dá um jeito. E então, estamos combinadas?
MERCEDES: (disfarçando sua contrariedade) Sim. Combinado.
ADÉLIA: (já saindo) Ótimo. Agora vou pro meu quarto, esticar as pernas, que essa feira me deixou com o esqueleto todo moído.
MERCEDES: (murmurando) Velha desgraçada, exploradora.
CASTRO entra.
CASTRO: Falando sozinha, grandona?
MERCEDES: Pensando alto, só isso!
CASTRO: A pequena tá melhor?
MERCEDES: Em breve, ela estará novinha em folha.
CASTRO: Viu, o travesti se deu bem. Dizem que o cubano até arrumou apartamento.
MERCEDES: De certo vai ser gigolô daquela aberração, há de ter homem que encare aquilo lá!
CASTRO: Que nada. O Gabriel, pelo jeito, vai dá situação pra ela.
MERCEDES: Com que dinheiro? Aquele lá é outro que só tem o dia e a noite.
CASTRO: O povo da pensão comenta que ele tem até dinheiro estrangeiro guardado, parece que trouxe lá da terra dele. E eu sei que ele ganha uma bufunfa boa com esses bicos de fotógrafo. Só sei que esse mundo tá perdido: Cabra-macho dando situação pra pederasta.
MERCEDES: Tá falando o quê, ô retirante linguarudo? Tá parecendo um maricas, fofocando pelos cantos.
CASTRO: (agarrando-a) Vem aqui que eu vou te mostrar o maricas, sua safada.
MERCEDES: (golpeando-o nas partes baixas) Desinfeta, seu traste.
MERCEDES sai. CASTRO fica se contorcendo.
CASTRO: Grandona safada, você me paga.

CENA O4. INT. PALACETE DE ARMANDO/ QUARTO DE OLGA. TARDE

Histérica, OLGA ajeita os quadros na parede, verifica a posição de cada coisa sobre a penteadeira, alinha os tapetes, verifica a limpeza dos móveis.
OLGA: Imagina, agora que organizar um jantar pra mais uma dessas arrivistas que ficam ciscando em volta do doutor Armando? Essa nova vagabunda, aqui ela não se cria!
OLGA abre o guarda-roupa. Observa uma boa fileira de uniformes, todos impecáveis, e retira, escondido entre eles, um belo smoking. Ela o cheira e o abraça.
OLGA: Ninguém vai arrancar o doutor Armado de mim. Ninguém.

CENA 05. INT. PENSÃO/ QUARTO DE PÉROLA. FINAL DE TARDE

PÉROLA continua indisposta. LÚCIA anuncia-se, batendo de leve na porta.
PÉROLA: Lúcia?
LÚCIA: Olá, querida? Como você está?
PÉROLA: Mal. Foi bom que você veio, precisamos conversar. Eu não tenho como continuar.
LÚCIA: (consolando a amiga) Não diga nada. Tudo vai dar certo, Pérola!
PÉROLA: Certo, Lúcia? Como? Eu estou grávida!
LÚCIA: Cada coisa ao seu tempo. Você sabe que além que querer lançar uma nova garota, o Armando precisa de uma boa cortina de fumaça.
PÉROLA: E quando ele souber, Lúcia?
LÚCIA: Ele não precisa saber agora. Você não vai falar nada. E quando ele descobrir, será tarde demais.
PÉROLA: (angustiada) Eu não sei. Estou apavorada.
LÚCIA: Fique calma, eu sempre estarei do seu lado. E o Ernesto também.

CENA 06. INT. PENSÃO/ QUARTO DE LÚCIA. FINAL DE TARDE

GABRIEL ajeita os pertences de Lúcia numa mala. ADÉLIA o ajuda.
ADÉLIA: Cubaninho, cubaninho, você é um sujeito corajoso demais! Eu já falei pra Lúcia, que ela teve sorte de encontrar você.
GABRIEL: O sortudo sou eu, Adelita!
ADÉLIA: Espero que vocês sejam felizes nessa vida nova. Você me achar uma doida. Uma mulher na minha idade entender essa modernidade toda de vocês.
GABRIEL: (beijando a bochecha dela) Você não é doida, Adelita. Você é livre!
ADÉLIA: (achando graça) Verdade, isso é mesmo uma coisa que eu sou: livre. Sempre fui, cubaninho.
GABRIEL: Quem foi que fugiu de casa, ainda donzela, pra correr mundo com o dono de um circo, hein?
ADÉLIA: (gargalhada gostosa) Quem mais haveria de ser? Eu mesma: Adélia Rodrigues. E também fugi, com todo o dinheiro do circo, quando descobri que aquele cigano de uma figa tava me botando chifre com a gorda que engolia fogo. Fugi mesmo, cubaninho, corri mais do que minhas perninhas de saracura poderia correr (emocionando-se) comprei  essa casa, e aquele safado nunca mais botou os olhos em mim.
GABRIEL: A senhora é batuta,Doba Adelita. Vou sentir sua falta, e a Lúcia também.
ADÉLIA: (secando as lágrimas com a beirada do avental)  E as suas coisas, Gabriel?
GABRIEL: Logo mais, eu pego.

CENA O7. EXT. FACHADA DA PENSÃO. ANOITECER

MERCEDES varre a calçada. GABRIEL e LÚCIA passam por ela, e entram num carro de praça, taxi. MERCEDES os ignora. Continua atracada com sua vassoura. Um lustroso Aero Willis vermelho estaciona. ROCCO salta do carro.
MERCEDES: O que você veio fazer aqui, seu fedelho desgraçado?
ROCCO: Eu quero falar com a Pérola.
MERCEDES: Some daqui, seu covarde, falido, monte estrume! A Pérola não quer te ver nem pitado de ouro! Rua!
ROCCO ameaça passar por ela. MERCEDES o golpeia com a vassoura.
MERCEDES: Some daqui, você e o maldito canceroso do seu pai, que o diabo já o favor de carregar, acabaram com a nossa vida. Eu quero te ver apodrecer !
MERCEDES: (entra e tranca o portão) Experimenta entrar aqui! Tudo mundo sabe o que eu e a Pérola passamos. Aposto que esses retirantes que vivem aqui vão ter o maior prazer em derrubar suas tripas no chão.
CASTRO chega.
CASTRO: Quem é esse sujeito, Mercedes?
MERCEDES: É um marginal!
CASTRO já puxa um canivete do bolso e parte para cima de ROCCO. Assustado, o garoto entra no automóvel e sai em disparada.
CASTRO: Vagabundo! Você conhece?
MERCEDES: Não. Nunca vi!
CASTRO: (se gabando) Botei o sujeitinho pra correr. Mexeu com a minha grandona, mexeu comigo! E ó, (ele alisa o traseiro dela) te espero lá obra, hoje!
CASTRO entra. MERCEDES fica por ali e ascende um cigarro.

CENA 08. INT. PENSÃO/COZINHA. NOITE

ADÉLIA cuida no jantar. CASTRO entra, pavoneando-se com o acontecido lá fora. FELIPE já se exalta.
FELIPE: Oxi, por que o tio não me chamou?
CASTRO: Te orienta, Felipe, eu lá preciso de reforço pra acabar com um merda daquele?
ADÉLIA: Galinho de briga igual o tio.
GEMIDOS oriundos do andar superior chamam a atenção de ADÉLIA. E num  instante, os gemidos tornam-se GRITOS.
ADÉLIA: Minha Nossa Senhora da Aparecida, é a Pérola.
CASTRO: A pequena passou mal a tarde inteira. A Mercedes fez um chá esquisito e serviu pra ela.
ADÉLIA: (desconfiada) Chá esquisito? Que chá era esse?
CASTRO: Sei não, ela disse que era calmante, mas tinha um cheiro ruim da moléstia. Bem, eu já vou indo, deu minha hora!
ADÉLIA  para de lidar com as panela. Fica em silêncio e depois se põe a vasculhar o balde de lixo da cozinha.
ADÉLIA: Não pode ser, ela não teria essa coragem!
ADÉLIA continua sua busca e encontras as ERVAS, ainda umedecidas pela infusão.
ADÉLIA: Desgraçada!!!
CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 09. INT. PENSÃO/ QUARTO DE PÉROLA. NOITE

MERCEDES já está lá, tentando silenciar PÉROLA.
MERCEDES: Fica calma, filha. Isso logo passa. Olha, você não pode deixar esse estorvo atrapalhar sua vida, suas chances com esse magnata, o tal de Armando! Aquele chá é tiro e queda.
Mesmo delirante, PÉROLA se choca com o argumento da mãe.
PÉROLA: O que?
ADÉLIA invade o quarto, munida com as ervas.
ADÉLIA: Sua assassina! Aqui tem erva suficiente pra matar o bebê e a sua filha também!
MERCEDES: Deixa de drama, Adélia! Eu sou vivida, sei o que estou fazendo! E você sabe que garota de barriga é igual leproso, ninguém quer!
ADÉLIA agride MERCEDES.
ADÉLIA: Sai de perto dela! Felipe! Felipe, acuda aqui, meu filho!
Esbaforido, FELIPE chega até a porta.
FELIPE: Diga, dona Adélia!
ADÉLIA: Corre lá na casa do seu Jovino, o taxista, e diga que eu estou chamando, diz que é uma emergência.
PÉROLA contorce-se de dor. Geme, grita. O suor escorre por seu pescoço.
ADÉLIA: Eu juro por Nossa senhora da Aparecida, Mercedes! Se alguma coisa acontecer com a minha uvinha, eu te coloco no xilindró!
MERCEDES olha para a filha. Passa as mãos pelo rosto, percebe que foi longe demais.

CENA 10. INT.EXT. RUA/ CARRO. NOITE

JOVINO, um simpático senhor de 50 anos, está ao volante. ADÉLIA no banco do carona. FELIPE passa um pano umedecido no rosto de PÉROLA.
ADÉLIA: Toca pro hospital, seu Jovino! Que a pequena tá mal!
JOVINO: É pra já, dona Adélia!
CARRO EM MOVIMENTO. PÉROLA delira. Ela olha para a rua e VÊ o AERO WILLIS VERMELHO DE ROCCO. ELE recostado no capô, lindo como um anjo. A canção dos The Platters, “TWILIGHT TIMES” toma conta dos pensamentos dela. Ela murmura o nome dele e perde os sentidos.

CENA 11. INT. PENSÃO/ QUARTO DE GABRIEL. NOITE

Diante a porta, MERCEDES esmiúça um apanhado de chaves. Procura por uma delas. Suas MÃOS tremem.
MERCEDES: (doida de pedra) Se aquele cabeçudo do Castro não tava contando lorota, deve ter algum dinheiro no quarto desse cubano, alguma coisa. Meu Deus, eu não poderia ter feito aquilo com a minha filha! Aquela velha vai acabar comigo!
MERCEDES encontra a chave. Entra no quarto e começa a vasculhar cada canto. Abre o armário, retira algumas roupas, vasculha as gavetas, levanta o colchão. E VÊ uma mala, escondida debaixo da cama.
MERCEDES: (puxando a mala) Não é possível, ele não iria deixar nada aqui, nenhum dinheiro, mas não custa dar uma olhada.
MERCEDES abre a mala. Roupas, documentos passam rápido entre suas mãos. Ela encontra um envelope em papel pardo. Abre. Trata-se de um ALBUM. Ela começa a folhear. E uma a uma, vão surgindo fotografias de PÉROLA, em poses sensuais, provocativas e até fetichistas.
MERCEDES: Eu procuro um tesouro, mas encontro um baú cheio de escória!
Ela sorri.
MERCEDES: Por outro lado, quem iria acreditar na palavra de uma garota que se presta a um papel desses? Nem eu, nos meus tempos de viração,  cheguei tão longe!
FIM DO 4º CAPÍTULO


Argumento e roteiro de Alex Spinola: 

37 anos, paulistano, capricorniano. Começou na arte da escrita bem cedo, aos doze anos, quando ganhou sua primeira máquina de escrever, um trambolhão da Olivetti. E dela saíram títulos cafonérrimos, "Passado Negro" e "Amor e Poder". Mas a paixão pela escrita surgiu bem antes, da feita que sua mãe o presenteava com inúmeras enciclopédias, para depois sabatiná-lo, é claro! "Mamãezinha Querida"? Talvez. A certeza de que tinha para escrever ganhou força anos depois, quando ganhou um exemplar de o "Manual Do Roteiro", de Syd Field. E tendo esse como bíblia saiu em busca de oficinas de roteiro, terminando na escola do crítico paulista de cinema, Celso Sabadin. Seu Mestre foi o inigualável Galileu Garcia. Produziu, nesse período, inúmeros argumentos. "Pin-Up" é um deles.

Zanzando pela Internet, conheceu um fecundo bando de apaixonas por roteiros, televisão e cinema e amizades se estreitaram. Isaac Abda e David Vallerio dão conta disso. E foi num desses encontros que o responsável pelo blog "Posso Contar Contigo?" lhe lançou um desafio: "Que tal escrever uma novela, um roteiro para ser publicado lá no blog?". Convite feito, convite aceito. O espaço em questão já havia sido inaugurado por David Vallerio e Lucas Nobre, autores da trama "Golpe Baixo". Além de novelas, é apaixonada por cinema - "Sunset Boulevatd e "Cidadão Kane" estão no topo de sua lista. Aprecia moda, Madonna, Marilyn Manson e músicas dos anos 50, 70 e 80. E pelo que se sabe, detesta todo o resto.

Supervisão de texto de David Vallerio: 

Idade desconhecida. Paulistano. Já foi estilista, produtor de moda, figurinista, ilustrador... Sua vida teve uma reviravolta quando foi selecionado pelo novelista Aguinaldo Silva para a segunda edição da Master Class, no Rio de Janeiro. Homenageado pela Master Class 1 com o personagem Crô Vallério, mas a alma é de Nazareth. Ama discotheque, anos 70, novela, filme americano B, pornochanchada, fofoca e BBB. Detesta axé, funk, pagode, futebol e sertanejo. Não confia em evangélicos e nem em quem é muito bonzinho. Quer agradá-lo? Presentei-o com uma Barbie Farrah Fawcett edição de Colecionador.
Veja também o 3º capítulo, aqui.

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