quinta-feira, 31 de março de 2011

Entrevista com o Deputado Federal Sergio Carneiro

Ele é advogado e administrador de empresas. Foi Procurador da Câmara dos Deputados no biênio 2009/2010. É membro do IBDFAM - Instituto Brasileiro de Direito de Família. Foi candidato a prefeito de Feira de Santana em 1988 e 2008. Está em seu terceiro mandato como deputado federal. Foi deputado estadual (1991 a 1995) e vereador em Salvador (2003 a 2007). Começou sua carreira pública e política como presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano e Articulação Municipal (Interurb), entre 1983/1986 e chefe da Casa Civil do Governo do Estado da Bahia (1986/1987). O Deputado Federal Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA) é o nosso entrevistado:


Por Isaac Santos

Com tantas atividades, sobra tempo para estar com a família?

Sérgio Carneiro - Esse é um dos ônus da atividade pública, que muitos não percebem, mas que é uma realidade. O importante é a qualidade do tempo. Eu me esforço para dar qualidade nas relações familiares no tempo que me é possível.

O Sr. é um político em boa forma física. O que faz para mantê-la?

Sérgio Carneiro - Faço muito pouco. Acredito que é mais uma questão genética. Quando tem um feriado prolongado, me permito fazer algumas caminhadas. Mas é raro.

O que gosta de ver na televisão?

Sérgio Carneiro - Gosto de assistir às séries que tratam de aspectos jurídicos, como Law and Order e The Good Life.

Já foi abordado pelo CQC (programa humorístico/jornalístico da TV Bandeirantes)?

Sérgio Carneiro - Sim, umas três vezes. Mas não dou respostas erradas ou que possam permitir aquele toque de humor característico do CQC. Então acho que não sirvo para o programa.

Qual o seu time favorito e como observa a constante instabilidade do Fluminense de Feira?

Sérgio Carneiro - Meu primeiro time foi o Fluminense de Feira, em 1969. O Flamengo veio a partir de 1972. Sou da geração Zico. A instabilidade do Fluminense de Feira a que você se refere se deve à falta de apoio da cidade e à falta de uma articulação dos poderes públicos (no caso, do município), que leve em conta o Fluminense de Feira como uma das principais instituições de nossa cidade. Lembro que o Fluminense de Feira foi campeão em 1960 e vice em 1971, quando meu pai, o senador João Durval, era prefeito de Feira de Santana. Como prefeito e ex-presidente do clube, João Durval sempre deu todo o apoio necessário. Como deputado federal, João Durval, em seus dois primeiros anos de mandato, conseguiu colocar o Fluminense de Feira na série A do futebol brasileiro, que é o seu lugar. Isso foi em 1975 e 1976. Eu, como deputado federal, dentro das possibilidades, ajudo o clube, mas sem envolvimento direto na diretoria, por conta de meus inúmeros afazeres. É de minha autoria emenda parlamentar do ano passado destinando recursos para o clube, juntamente com outra emenda, do senador João Durval, para a construção da Arena do Touro.

Copa 2014 no Brasil. Quais as reais chances de a Bahia sediar alguma partida?

Sérgio Carneiro - A Bahia é um dos estados que sediarão a Copa e, com certeza, vai sediar pelo menos uns três jogos. Comparativamente aos demais estádios do País, a nova Fonte Nova se encontra em bom estágio de construção. 

No ano passado, Feira de Santana foi alvo de críticas no Jornal Nacional da Rede Globo, dentre as quais se destacou a necessidade de um aeroporto em atividade. Agora, uma reforma está sendo executada. Mas qual a dificuldade em dar a Feira de Santana um AEROPORTO digno da cidade que é?

Sérgio Carneiro - Esta tem sido uma das minhas lutas: transformar o aeroporto de Feira de Santana em alternativa ao de Salvador, pois estamos a 300 metros de altitude, a 100 quilômetros da capital, a 70 quilômetros do Porto de Aratu e os dois aeroportos alternativos mais próximos situam-se a mais de 400 quilômetros de distância (Ilhéus e Aracaju). Tanto eu como meu pai, senador João Durval, apresentamos durante nossos mandatos emendas parlamentares destinando recursos orçamentários para o aeroporto. Mais uma vez, volto a citar a falta de articulação política do poder público municipal em relação a essa questão também. O poder público tem que liderar esse processo e todas as demandas que Feira de Santana precisa e o aeroporto é apenas uma delas.

A criação da Região Metropolitana de Feira de Santana pode estar perto de acontecer?

Sérgio Carneiro - Espero que sim. Tenho me pronunciado a favor da criação de uma região metropolitana em Feira e outras em nosso Estado, como Ilhéus e Itabuna. As regiões metropolitanas possibilitam vantagens e parcerias entre as cidades de forma eficaz e ágil, como, por exemplo,  nas áreas de infraestrutura, telecomunicações, segurança pública e saneamento, entre outras.

As obras da construção do Centro de Convenções de Feira de Santana continuam paralisadas. Até quando as diferenças político-partidárias serão colocadas acima dos interesses do povo?

Sérgio Carneiro - Mais uma vez tenho que reforçar que a questão é de ação e articulação do poder público municipal. O poder local deve elaborar e apresentar os diagnósticos das demandas de sua comunidade e ser o indutor de soluções alternativas.

Tendo a Bahia, apenas duas Universidades Federais. O que acha de Feira de Santana ser alvo de merecido investimento neste sentido?

Sérgio Carneiro - A Bahia tem duas universidades federais: a UFBA – Universidade Federal da Bahia e a UFRB – Universidade Federal do Recôncavo Baiano, além de diversos Centros Tecnológicos Federais. Feira de Santana tem hoje uma vocação natural como cidade universitária, a partir da UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana, criada por João Durval entre 1967 e 1971, quando prefeito, e implantada pelo então governador Luiz Viana, que cedeu terreno para sua construção. Hoje existem na cidade diversas instituições particulares de qualidade e diversos mecanismos, como o ProUni e o FIES que contribuem para o desenvolvimento do ensino superior e a qualificação e formação de nossa mão-de-obra. Com certeza, num futuro bem próximo, Feira de Santana poderá conquistar uma universidade federal, consolidando ainda mais essa vocação universitária.  

A Micareta (carnaval fora de época) de Feira de Santana é a primeira (há 64 anos) criada em todo o Brasil. A Organização do evento faz jus ao título?

Sérgio Carneiro - É muito conhecida minha posição de que a Micareta de Feira de Santana deveria ter seu período de realização antecipado para uma semana antes do carnaval de Salvador, se apropriando de tudo que este evento representa e atraindo os turistas do Brasil e do mundo também para Feira. Isso geraria impactos na cidade como no setor hoteleiro, turístico e de restaurantes. Na minha avaliação, a data em que hoje é realizada a Micareta não permite maior participação das pessoas. Por exemplo, não é período de férias escolares e, assim, alunos e professores estão em pleno período letivo, não podendo se deslocar para participar. Claro que uma mudança dessa natureza precisa ser planejada e combinada com todos os segmentos envolvidos.
 
O Sr. ainda consegue andar tranquilamente pelas Ruas e Avenidas de Feira de Santana diante da violência?

Sérgio Carneiro - Sempre ando pela cidade sendo abordado de forma respeitosa e tranqüila. Nunca tive problemas. Mas, é claro, que o crescimento econômico da cidade acaba gerando maior acesso às drogas e, com isso, cresce a violência, como em todos os centros urbanos.

O Sr. já usou algum tipo de droga? O que pensa sobre a descriminalização da maconha?

Sérgio Carneiro - Nunca usei nenhum tipo de droga. Acredito que o usuário não pode ser tratado da mesma forma que o traficante. Enquanto o usuário precisa de apoio e tratamento médico e psicológico para se livrar da droga, o traficante tem que ter tratamento penal.

Recentemente o nome da Cantora Maria Bethânia foi alvo de protestos em função da notícia de que receberia do governo R$ 1.500.000,00 para a criação de um blog. Qual o posicionamento do Senhor sobre a aplicabilidade da Lei Rouanet e especificamente sobre este e outros casos, que envolvem também outros artistas não citados?

Sérgio Carneiro - A lei é geral e vale para todos. O montante se deve, na minha avaliação, ao tipo de trabalho que será desenvolvido, seus custos e também ao prestígio da cantora, construído ao longo de muitos anos. A repercussão na imprensa também foi proporcional à fama da cantora. Mas do ponto de vista legal não há nada errado.

O Bolsa Família beneficia aproximadamente 12 milhões de famílias. Não seria mais justo possibilitar condições de emprego a estes cidadãos?

Sérgio Carneiro - As duas coisas andam de mãos dadas. A criação e implantação do Bolsa Família foi uma decisão que visa distribuir renda para muitos que não têm qualificação profissional, até em função das deficiências no sistema educacional brasileiro, que vêm de longa data. Em função do local onde moram e da falta de oportunidades de emprego e educação, muitos brasileiros dependem do Bolsa Família. Mas a própria presidente Dilma Rousseff já anunciou em seu plano de governo que pretende investir em novas formas de apoio que conciliem o Bolsa Família com outros programas de geração de emprego e renda. O que não se pode é privar nossas crianças de uma nutrição mínima adequada. O Bolsa Família tem esse objetivo, de proporcionar recursos mínimos para uma alimentação de maior qualidade, o que repercute na diminuição de gastos com saúde e ajuda a diminuir também a violência.

O Sr. concorda com a afirmação de que o atual salário mínimo é vergonhoso?

Sérgio Carneiro - Sem sombra de dúvida o salário mínimo é baixo, mas hoje, no Brasil, ele é mais um parâmetro para a Previdência Social. São poucos os setores que pagam, efetivamente, um salário mínimo aos seus empregados. Até as empregadas domésticas estão ganhando mais do que o mínimo, de modo geral. Os setores mais organizados da sociedade têm maior poder de pressão para reivindicar valores e reajustes salariais acima do mínimo. De qualquer forma, é preciso lembrar a política implantada pelo governo do presidente Lula de valorização e recomposição do salário mínimo, que cresceu efetivamente acima dos índices de inflação nos últimos anos.

Acredito que o Sr. nunca teve tantos colegas famosos como agora na Câmara. Como foram recebidos os novos Deputados Romário, Acelino Freitas (Popó) e Francisco Everardo (Tiririca)? Acredita em voto de protesto?

Sérgio Carneiro - Acredito e defendo o direito deles estarem onde estão, até porque foram eleitos. Os eleitores poderiam ter votado em outras pessoas, mas escolheram essas como seus representantes e por isso mesmo eles merecem nosso respeito. Eles têm o respaldo do voto popular e podem surpreender. Lembro que quando Marta Suplicy foi eleita pela primeira vez, era muito conhecida por apresentar um programa de televisão sobre sexualidade. Foi deputada, prefeita e hoje é senadora, com um ótimo desempenho e atuação política e partidária.

O Sr. palpita na carreira política do seu irmão (Prefeito de Salvador) João Henrique ou na de seu pai (Senador) João Durval Carneiro?

Sérgio Carneiro - Não tenho qualquer interferência na vida política de meu pai nem na de meu irmão. Claro que pela proximidade, já que meu pai está no Senado e eu na Câmara, acompanho mais de perto a atuação do senador João Durval e até desenvolvemos alguns projetos juntos no Congresso. João Henrique, por sua vez, tem sua própria caminhada política e partidária e seu estilo próprio, sem interferências da família.

O presidente Barack Obama no Brasil. Algo a ser ponderado sobre esta visita ilustre?

Sérgio Carneiro - A proximidade entre chefes de Estado é sempre benéfica aos países envolvidos. E a visita do presidente norte-americano causou grande impacto para o Brasil. Mas acredito que muito do que foi acertado durante esta visita, além dos acordos já divulgados, ainda não foi revelado ou maturado o suficiente. 

Novo colunista do Congresso em Foco (site especializado em política). O Sr. mesmo origina os textos da sua coluna ou tem uma equipe de criação?

Sérgio Carneiro - Eu mesmo escrevo todos os meus artigos. Tenho uma equipe competente que me ajuda na divulgação, na produção de conteúdo para meu site, mas os discursos e artigos eu mesmo escrevo. 



Já pensou em abandonar a vida política?

Sérgio Carneiro - Sim, já pensei várias vezes, até porque é uma vida de muito sacrifício, muitas vezes incompreendidos ou até mesmo desconhecidos da maior parte das pessoas. Por duas vezes, mesmo tendo sido reconhecido com uma das principais lideranças políticas do País, não logrei êxito eleitoral. Presentemente, por exemplo, fui chamado para a Câmara como suplente, graças a uma ação do governador Jaques Wagner que nomeou outro deputado como secretário estadual e então pude assumir.

Se pudesse refazer algo em toda a sua carreira, o que seria?

Sérgio Carneiro - Eu teria entrado para o Partido dos Trabalhadores (PT) há mais tempo porque é um partido com o qual me identifico muito e que considero ser o grande instrumento para a transformação do povo e da sociedade brasileira.

Eleições 2012. Quais as suas pretensões no que dizem respeito à Feira de Santana?

Sérgio Carneiro - Espero que o partido siga as orientações do ex-presidente Lula que disse que é preciso insistir e investir nos candidatos do PT que não venceram as eleições. O próprio Lula é um exemplo disso: insistiu e tornou-se Presidente da República. Temos que esperar a época certa e a decisão do partido.


O POSSO CONTAR CONTIGO agradece a sua participação e faz votos de boas realizações para o Senhor. 

5 comentários:

  1. Sérgio, Feira de Santana merece um Prefeito como você. Super preparado, competente, carismático e conhecedor profundo dos problemas de Feira. Mozart David Neto

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  2. Deputado não lhe conheço pessoalmente,mas sei que o sr se candidatar a prefeito de feira de santana,sera vitorioso pela sua competencia ,por o sr. ser um homem carismático e conheçe de perto os poblemas da cidade,e tenho certeza que a população de feira vai se orgulhar mais e mais do senhor,fique com Deus

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