segunda-feira, 18 de junho de 2012

Teledramaturgia em DVD


Por FÁBIO COSTA

Antes do advento do DVD, era complicado poder ter as novelas e minisséries preferidas em casa para assistir na hora em que se desejasse, já que o volume de fitas VHS necessário seria muito grande e sairia caro comprar o material necessário para gravar uma novela inteira, por exemplo. Não que não tenham feito isso; muitos o fizeram, inclusive, a internet traz as recordações mais variadas gravadas em videocassete ao longo de décadas. No entanto, é inegável que um número grande de fitas de vídeo vai se tornando difícil de acondicionar e preservar, pelo espaço que ocupa. Uma fita de vídeo não ocupa muito espaço; dez delas também nem tanto assim; cem delas, ainda vá lá; pense em mais que isso.

Logotipo de Dona Beija em sua reprise pelo SBT.
Explica-se assim a razão das produtoras de teledramaturgia não terem lançado com muita força suas produções em VHS, porque a edição seria tão impiedosa que não compensaria aos interessados adquirir. Alguma coisa saiu, mesmo supercompactada, como foi o caso de algumas produções da Rede Globo – dentre as quais Anos Dourados (1986) e Anos Rebeldes (1992) – e até da Rede Manchete, através de sua Manchete Vídeo: o mercado trouxe compactos em vídeo de Marquesa de Santos (1984) e Dona Beija (1986). Mas o pouco tempo de material realmente decepcionava.

O DVD, que ocupa menos espaço que a fita de vídeo e tem maior qualidade de som e imagem e capacidade de armazenamento, surgiu e trouxe nova esperança aos amantes de cinema e televisão. Tiveram início os lançamentos de diversas séries de TV, em boxes com vários discos que traziam as temporadas completas uma a uma até que se completassem as coleções. As minisséries globais não tardaram a chegar ao DVD, tendo sido Presença de Anita (2001) e mais uma vez Anos Dourados as primeiras. Os compactos passaram a não ser mais tão compactos, mas ao mesmo tempo ainda se mantiveram longe da íntegra das obras. A edição também deixa a desejar, uma vez que apresenta cenas perfeitamente “cortáveis” e dispensa passagens interessantes e lembradas pelo espectador.

Apenas em 2010 a Globo Marcas resolveu apostar no lançamento de uma novela em DVD, e escolheu para a empreitada Roque Santeiro (1985/86), que então comemorava 25 anos de sua bem-sucedida primeira exibição. Uma caixa com 16 discos, num total de quase 52 horas de material,  proporcionou àqueles que conheciam a novela uma oportunidade de revê-la sempre que quisessem e aos que não a conheciam a chance de assisti-la e entender seu significado para a história da televisão. Desde então foram também lançados em DVD compactos de Irmãos Coragem (1970/71), em oito discos; Dancin’ Days (1978/79), em 12 discos; O Astro (2011), também em 12 discos; e Escrava Isaura (1976/77), em cinco discos com a versão de 30 capítulos feita para reprises especiais. Em algumas semanas estará nas lojas o box que traz o compacto de Tieta (1989/90) em onze discos.

Regina Duarte e Lima Duarte em Roque Santeiro.
O compacto de Roque Santeiro, de cuja edição participou inclusive um de seus diretores, Marcos Paulo, cumpre bem seu papel de relembrar uma das mais importantes telenovelas brasileiras com bom aproveitamento de tramas e personagens. Mas também pecou em deixar de lado cenas históricas que fazem parte do inconsciente coletivo brasileiro, como uma em que Sinhozinho Malta (Lima Duarte) lambe a mão de Porcina (Regina Duarte) e é chamado por ela de “cachorrinho” ou a primeira cena da mesma Porcina na novela, injuriada por não ter satisfeito pelo empregado Rodésio (Tony Tornado) seu desejo de possuir um casal de cisnes. Bem, pode ser apenas uma decepção de alguém que é fã da novela (e este que vos escreve o é), mas admirações à parte é de se esperar que as versões em DVD, se não podem trazer a íntegra dos trabalhos, que ao menos se preocupem mais com certos detalhes na hora de editar. Mas há também um diferencial curioso no box de Roque Santeiro: todos os discos apresentam a abertura da novela e os créditos de encerramento, como se fossem dezesseis capítulos enormes.

Outras emissoras poderiam também lançar títulos seus em DVD, ainda que em tiragens limitadas. Os muitos produtos da Globo Marcas nesse sentido mostram que há mercado para isso, basta fazer a coisa de modo adequado. A própria Globo ainda tem muita coisa a lançar, e a cada compacto podem ser experimentados meios de se montar um box interessante para os colecionadores que se dispõem a pagar (e pagar caro, já que os DVDs não são baratos) por um item de que fazem questão. Não acredito que a produção de novas versões de obras marcantes como Gabriela, Ti-ti-ti, O Astro e Guerra dos Sexos necessariamente impeçam que as originais sejam lançadas e/ou reprisadas no canal Viva. Há público para ambas as possibilidades.

2 comentários:

  1. Eu que vivo implicando com a tecnologia galopante dos tempos modernos tenho que tirar o chapéu para o DVD. Graças a essa mídia, podemos ter acesso a séries e novelas (não apenas brasileiras) que dificilmente veríamos novamente, a não ser em cenas do YouTube, muitas vezes com qualidade baixíssima. Sou fã dos boxes de novelas, seriados e programas e, na medida do possível, procuro adquirir meus favoritos. A Globo acertou em cheio ao lançar seus programas em DVD, ainda que essa moda esteja meio banalizada na minha humilde opinião. Muitos programas que nem fizeram sucesso acabam lançados em DVD. Mesmo assim, o prazer de poder ter em casa novelas clássicas como Dancin' Days, Roque Santeiro ou Tieta não tem preço. Sou 100% a favor dos boxes!

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  2. Estou ansioso pelo DVD de Tieta, uma das minhas novelas prediletas agora com a possibilidade de tê-la guardada em minha casa.

    Até o próximo, Fábio!

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